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DE PENETRA A LOUCO

22/04/2016

Vlademir José LUFT

 

Havia um homem que tinha muitos bens. Era considerado rico. Muito rico. Milionário. Não, bilionário, trilionário. Era dono de tudo que se conhecia naquele lugar. Para resumir, era dono do ouro e da prata. Além disso, era muito inteligente. Era o dono de todo o conhecimento. Não havia nada imaginável. Tudo o que havia naquele lugar foi criado por ele. Inclusive as pessoas. No dia de seu aniversário preparou uma festa. Todos foram convidados. Muitos não o conheciam, embora tivessem familiaridade com seu nome. Não devemos esquecer que as pessoas passaram o dia se preparando para a festa. Telefonando para os amigos dizendo e falando da festa. Da mesma forma, a ultima semana “a cidade estava uma loucura”, um corre-corre, um empurra-empurra. Todos tentando comprar algo para se preparar para a festa. E compareceram à festa. Começou logo ao anoitecer e durou a noite toda. Pela manhã, ainda havia pessoas na rua, indo para casa, oriundos daquela festa. Mas ninguém lembra de ter falado com o dono da festa. Ninguém levou um presente para o dono da festa. Ninguém sabia como ele era. Se o encontrasse no dia seguinte, não saberia que esteve em sua festa. Mas o importante, a esta altura, foi a festa. Que festa. Muita comida, muita bebida, muita musica, muita gente bonita. Tanto que no dia seguinte foi preciso tomar remédio para ajudar na digestão e aliviar a dor de cabeça. Ninguém reparou que na festa, para comemorar o aniversario do dono do ouro e da prata, foram os convidados os presenteados. A ELE não importava receber presentes materiais. Importava vê-los felizes, vê-los bem, vê-los a salvo. ELE queria-os perto de si, junto a si, apesar de tudo. O presente d’ELE eram as pessoas, os convidados, que a ELE se juntassem, para serem seus amigos para todo o sempre. Mas foi nos jornais do dia seguinte que estava a surpresa maior. O dono da festa havia sido flagrado, na noite da festa, sentado junto ao meio fio de uma rua escura, onde dormiam, sobre caixas de papelão, alguns de seus convidados. Estes “pequeninos” não puderam ir a festa porque não tinham condição para uma roupa nova, não sabiam falar direito, não tinham endereço para receber o convite dos correios, não estavam higienicamente apresentáveis. Mas na foto, ELE lhes dava um prato de comida, limpava suas feridas, arrumava seus cabelos. Dizia que foi ali que recebeu seu maior e melhor presente, a vida daqueles pequeninos, que ganharam a vida eterna.

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