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Pr. Marcos André - OBPC Nova Friburgo
12/01/2016
Um Novo Tempo
A Bíblia nos ensina que há um tempo para todas as coisas, inclusive tempo de matar, e tempo de curar (Ec 3.3). E a imagem que o texto bíblico parece nos fornecer é a de um animal doente que precisa ser examinado por um especialista, a fim de que seja avaliado se ele pode ser curado, ou deve ser sacrificado.
Num certo sentido, situação semelhante acontece conosco. Chega um momento em que precisamos separar aquilo que pode ser restaurado (“tempo de curar”) daquilo que deve ser dado como morto ou, até mesmo, sacrificado em nossas vidas (“tempo de matar”).
Mas essa não é uma tarefa tão simples quanto se imagina. Pois o ser humano é extremamente apegado ao passado e, inúmeras vezes, insiste em restaurar aquilo que já deu indícios suficientes de que chegou ao fim.
Quantas pessoas não têm tentado resgatar o que, no passado, já cumpriu o seu propósito em sua vida! O tempo passa e algumas coisas vão juntas. E aceitar que elas não voltarão mais é indispensável, para que um projeto de vida não se torne obsoleto.
É verdade que o passado nunca deve ser desprezado, pois ele nos ajuda a entender quem somos e como chegamos ao momento presente. Mas quando estamos demasiadamente apegados ao que se foi, passamos a lutar contra a própria dinâmica da vida. É como se o saudosismo nos puxasse para trás, impedindo o nosso progresso. Tendo isso em mente, o autor de Eclesiastes orientou: Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta (Ec 7.10).
Existem pessoas que olham para o que se passou como o ponto alto de suas vidas; outros, mais perspicazes, olham para o passado, por melhor que tenha sido, como um ponto de partida para conquistas futuras.
Por isso, antes de avançarmos, precisamos avaliar o que temos condições de levar conosco e o que teremos que deixar para trás.
Aliviando a Bagagem
Há alguns anos atrás, minha esposa compreendeu esta verdade de maneira bem prática.
Eu e minha família estávamos residindo na Alemanha há quase dois anos e agora tínhamos que retornar ao Brasil. As passagens compradas nos davam direito a duas malas de trinta e dois quilos por pessoa. A princípio, isso pode parecer muito. Mas quando se sabe que tudo o que se conquistou nos últimos anos precisa caber nestas duas malas, fica claro que sessenta e quatro quilos não representam absolutamente nada.
Na época, minha esposa ficou com a difícil tarefa de arrumar as malas e eu, de longe, fiquei aguardando o momento certo de entrar em ação. Eu sabia que muitas coisas que haviam sido separadas não caberiam nas malas, mas essa era uma descoberta que ela precisaria fazer por si só.
No início, houve alegria em seu coração por tudo que já havia sido guardado, mas ela logo começou a se chatear por reconhecer que muitas coisas teriam que ficar para trás. E mesmo que eu tivesse me disposto a pagar pelo excesso de bagagem, não seria suficiente. O que ainda permanecia fora das malas daria para encher pelo menos outras três malas, e o meu dinheiro daria apenas para uma bagagem extra.
Havia chegado, então, o momento mais difícil naquele processo. Precisávamos reabrir todas as malas e decidir o que guardar e o que deixar de fora: Uma situação delicada que tivemos que enfrentar juntos.
A vida é exatamente assim: Uma longa e cansativa viagem em que precisamos distinguir o que temos condições de levar conosco do que teremos que deixar pra trás. Porque na vida, a semelhança de uma viagem aérea, excesso de bagagem custa caro e pode até comprometer o restante da jornada.
Por isso, abra o seu coração para este novo tempo. E não permita que o passado impeça um futuro cheio de possibilidades de se manifestar em sua vida. Acredite que o novo de Deus chegou!