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Retornando as Origens - Pr. Marcos André

07/03/2016

Por Pastor Marcos André - OBPC Nova Friburgo

 

         O papel de um líder cristão não consiste apenas em desenvolver a habilidade de atualizar sua metodologia de liderança sempre que necessário. Isso é parte fundamental de seu trabalho. Mas sua principal responsabilidade é preservar a essência do ministério apostólico.

Atualmente vemos muitas denominações constituindo sobre si apóstolos. Mas seriam eles semelhantes aos apóstolos do passado?

Tendo como base o capítulo três do livro de Atos, algumas características dos primitivos apóstolos serão traçadas, a fim de que o próprio leitor responda esse questionamento: Atos 3.1-3:

“E Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona”. 

“E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam”. 

“O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola”. 

 

1ª Característica> Os apóstolos do passado não eram homens de posses, mas cheios do Espírito Santo

                 Essa passagem é rica em contrastes:

Contraste: Junto à porta feita de bronze e revestida de uma espessa camada de ouro e prata havia um homem assentado, pedindo esmolas.

Contraste: A porta era chamada formosa, mas a cena de um mendigo coxo não tinha nenhuma formosura.

Contraste: Os apóstolos que não tinham nem a formosura da porta e nem o esplendor do templo, ainda possuíam uma unção que já não se podia notar neste tradicional lugar sagrado:

“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (Atos 3.6).

O problema não está no aumento do dinheiro, mas na diminuição da ação do Espírito. O dinheiro não elimina a unção, mas ele pode ser obtido à custa da mesma. A unção traz consigo responsabilidades inegociáveis.

Se nosso propósito é retornar às origens, precisamos refletir para qual cenário desejamos regressar. Se para a realidade apostólica ou para o triste quadro encontrado no templo: muito esplendor e ostentação, mas carente de unção.

         Existe uma diferença entre viver do evangelho e viver para o evangelho. Quem vive do evangelho, tende a tratá-lo como um meio de se obter algo. Quem vive para o evangelho, encara-o como o propósito supremo de sua vida.

         Quando os discípulos presenciaram Jesus purificando o templo, lembraram-se do Salmo que diz: “O zelo da tua casa me consumirá” (cf. João 2.17). Muitos desejam tirar proveito do evangelho, mas poucos estão preparados para se deixarem consumir pela causa do Evangelho.

         A grande diferença é que o evangelho para muitos é o meio, enquanto para os apóstolos era o fim; a finalidade última de toda a sua existência.

 

2ª Característica > Os Apóstolos estavam constantemente em evidência, mas rejeitavam o Culto à Personalidade

         É necessário que o homem de Deus esteja em evidência. Como instrumento de Deus, ele precisa ser visto e sua voz ouvida, a fim de que o poder de Deus se manifeste na vida através dele. Por esta razão, os apóstolos prontamente disseram ao mendigo: Olha para nós! Naquele momento eles eram os veículos da graça divina.

         Mas quando o milagre ganhou repercussão e as pessoas começaram a se aglomerar ao redor dos apóstolos, eles prontamente exortaram a multidão: “... Por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? (Atos 3.12).

Os apóstolos precisavam ser vistos, mas recusavam-se a ser o centro das atenções. Ao invés de usufruírem da fama repentina, eles rejeitaram veementemente qualquer tentativa de adoração.

Na verdade, as pessoas sempre foram inclinadas ao culto à personalidade. A diferença é que no passado essa inclinação era combatida. No entanto, hoje a tendência é se explorar a imagem de determinadas pessoas para promover inúmeras marcas e produtos “gospel”. A mídia evangélica é tão poderosa que é capaz de manter no céu estrelas que já caíram há muito tempo.

Mas o problema não reside no destaque que determinados homens de Deus alcançam, mas no mau uso da sua exposição, focando em si mesmos e não na proclamação do nome de Jesus: “E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde” (Atos. 3.16).

 

3ª Característica > Os apóstolos do passado pregavam sobre Refrigério, mas não abriam mão de falar sobre Arrependimento

Temos ouvindo muitos pregando um evangelho que muda a vida financeira, familiar e profissional, sem que as pessoas se comprometam com uma mudança de vida. O resultado são pessoas ansiosas por desfrutar dos benefícios do Reino, sem se importar com as implicações do domínio do Rei: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor” (Atos 3.19).

O grande absurdo dos dias atuais é que as pessoas querem ser abençoadas sem se tornarem uma bênção. A bênção passou a ser considerada como algo separado do homem, enquanto naquele tempo era algo que acontecia dentro do ser. É a idolatria do TER uma Benção, sem as implicações do SER uma Bênção: “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na Tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades” (Atos 3.25,26).

Não resta dúvida de que o mundo de HOJE está carente dos apóstolos de ONTEM.

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