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CIBRACERJ - Colunas - Vale o que ?  - Prof. Luft

Vale o que ? - Prof. Luft

17/03/2016

Por Vlademir José Luft - Catedral OBPC

 

Nos últimos anos, tem sido recorrente as conversas e as discussões sobre a reforma da legislação trabalhista brasileira. De forma acalorada, na maioria das vezes, dois grupos tem debatido o assunto: de um lado os trabalhadores, principalmente através de seus representantes sindicais, que não querem ver seus “direitos” reduzidos ou suprimidos e de outro lado os patrões que querem ver seus custos de produção, especialmente com o trabalhador, também reduzidos, por os acharem muito altos. Enquanto uma reforma, reconhecida por todos, patrões e empregados, como altamente necessária, não acontece, convivemos com um sistema que pensamos ser injusto para com os patrões e humilhante e desajustado da realidade presente para com os empregados. É dessa forma que são criados a cada dia, novos subsídios que oneram a produção e de forma ilusória beneficiam os trabalhadores. Pensar que vale transporte, vale refeição, vale gasolina, cesta básica, entre outros, são benefícios para o trabalhador legalmente registrado é um engano. Quando admitimos que estes benefícios são um direito do trabalhador, estamos tirando dele, trabalhador, a dignidade de poder pagar por aquilo que consome, da mesma forma que todos os outros cidadãos que vivem neste mundo capitalista. Seria menos oneroso para o empregador dar um salário justo e que permitisse que seu funcionário pudesse pagar, por conta própria, seu transporte, seu combustível, sua refeição, seu supermercado, além de usar, da forma que melhor lhe convier, a cada dia, a cada mês, o dinheiro ganho com o suor de seu trabalho. Se estamos pensando em promover uma sociedade justa, devemos começar por dar dignidade a seus representantes. O primeiro passo para uma distribuição de renda justa é dar a possibilidade de livre escolha na forma como será gasto o dinheiro ganho por cada um de nós, sem subsídios que na verdade deveriam ser ganhos reais de salário, de acordo com o desempenho de cada um, e não concessões de uma legislação trabalhista. Deveríamos abolir a troca ilegal do vale transporte na padaria, do vale refeição no supermercado e do vale combustível no açougue e darmos a liberdade ao trabalhador de comprar, com dinheiro, o seu pão, a sua carne e o seu arroz e feijão. Sem falarmos na cesta básica que traz produtos que não são de uso rotineiro ou de marca, quantidade ou qualidade desejada.Uma última questão, ainda relacionada a esse tema, é o fato de que apesar de existirem estes benefícios, apenas alguns podem usufruir deles. Coisas de legislação. Com este conceito que estamos propondo, desaparece o artifício de beneficiar apenas alguns trabalhadores, uma vez que todos teriam um melhor salário, independente de necessitar ou de não estar dentro do perfil dos que podem receber o benefício, e este baseado em seu desempenho, em sua função ou trabalho.

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